HISTÓRIA DO VIDRO
O vidro é uma das descobertas mais surpreendentes do homem e sua história
é cheia de mistérios. Embora os historiadores não disponham
de dados precisos sobre sua origem, foram descobertos objetos de vidro nas necrópoles
egípcias, por isso, imagina-se que o vidro já era conhecido há
pelo menos 4.000 anos antes da Era Cristã.
Alguns autores apontam os navegadores fenícios
como os precursores da indústria do vidro. A origem teria sido casual:
ao preparar uma fogueira numa praia nas costas da Síria para aquecer
suas refeições, improvisaram fogões usando blocos de salitre
e soda.
Passado algum tempo, notaram que do fogo escorria
uma substância brilhante que se solidificava imediatamente. Estaria então
descoberto o vidro que, com sua beleza, funcionalidade e múltiplas aplicações,
passaria definitivamente a fazer parte do cotidiano de todos nós.
O vidro no Brasil: início
A primeira fábrica de vidros no Brasil
surgiu em 1810, em Salvador. Montada por Francisco Ignácio de Siqueira
Nobre, com a autorização do regente D. João, recém-chegado
ao Brasil, a Real Fábrica de Vidros da Bahia não teve vida longa,
pois foi atingida pelos conflitos e combates da Independência, que ferviam
no Estado baiano.
Nessa época, tudo que fosse preciso
para o acabamento e mobiliário das casas era necessário ser importado.
Apesar disso, no final do século, em 1882, foi criada na cidade do Rio
de Janeiro a primeira grande indústria brasileira de vidros, a Fábrica
Esbérard - Companhia Fábrica de Vidros e Crystaes, uma produtora
de embalagens.
Pouco mais de dez anos depois, em 1895, surgia, em São Paulo, a Companhia
Vidraria Santa Marina. Os dois empreendimentos foram um verdadeiro sucesso.
Depois, foi a vez de a Companhia Vidreira Nacional (Covibra) ser fundada em
1942 por um empresário português.
No finalzinho da guerra, os proprietários
da Vidraria Santa Marina criaram a Companhia Paulista de Vidro Plano (CPVP),
produzindo vidro para o mercado paulista, interior do Estado e regiões
vizinhas.
A concorrência apertava e o dono da Covibra
sugeriu aos empresários da Vidraria Santa Marina que fizessem uma fusão
entre as duas fábricas. Com isso, no início da década de
1950, ficou acertada a criação das Indústrias Reunidas
Vidrobrás Ltda., resultado da associação entre a Covibra
e a CPVP.
O vidro e suas técnicas
Se fazer vidro oco (soprado) já não era lá muito fácil,
imagine-se como devia ser a produção do vidro plano. No final
do século 17, um método revolucionou a fabricação.
A massa do vidro era derretida manualmente com rolos, como
se fosse macarrão. Essa técnica era do vidro estirado.
Para melhorar a vida dos vidreiros, no início
do século 20, o belga, Émile Fourcault, inventou o que foi uma
mão na roda - o processo mecânico de estirar a massa do vidro.
Isso era feito por meio de pinças que suspendiam a massa por uma estrutura
vertical de quase 20 metros para ser cortada. Contudo, as dificuldades técnicas
e os
defeitos no vidro continuaram a existir.
Os avanços, devagar, iam chegando. Para
facilitar a saída da massa vítrea durante a elevação
da chapa contínua, os americanos introduziram uns ajustes na passagem
do forno para a estrutura vertical, no método conhecido como Pittsburgh.
A qualidade óptica do vidro melhorou muito a partir daí.
Mas o grande destaque na produção
do vidro estirado foi o emprego do método Libbey-Owens, adotado pelos
grandes fabricantes mundiais nas décadas de 1930 e 1940.
O
processo aposentava o sistema vertical - a chapa passou a deslizar por uma estrutura
horizontal, facilitando o manejo e a precisão do corte.
O sistema 'float'
O principal responsável pelo desenvolvimento do processo float de fabricação
de vidro e, posteriormente, pela substituição do processo estirado
foi sir Alastair Pilkington, chairman do grupo Pilkington, multinacional inglesa.
Essa inovação genial só pôde se concretizar após,
pelo menos, dez anos de experimentação. Patenteado em 1959, o
processo começou a ser licenciado pela Pilkington na Europa, América
do Norte e Ásia.
O sistema consistia em um tanque de estanho líquido por onde a massa
de vidro derretido flutuava e se distendia de maneira controlada. De lá
saía no formato de chapa contínua, na espessura e cor que se desejasse.
As chapas de vidro passaram a apresentar perfeição quanto à
planimetria e transparência. O float provou ser uma tecnologia de ponta
e tornou-se o processo produtivo dominante na indústria mundial.
O vidro no Brasil: hoje
Só em 1974 nascia no Brasil a Cebrace, a joint-venture entre o grupo
inglês Pilkington (detentor da marca Blindex) e o francês Saint-Gobain
(detentor das marcas Saint-Gobain Glass e Santa Marina Vitrage).
Em 1998, foi a vez de a multinacional americana Guardian instalar sua fábrica
em Porto Real, no Rio de Janeiro.
Hoje, quatro indústrias abastecem o mercado vidreiro no Brasil - Cebrace,
Guardian, UBV e Saint Gobain Glass. As duas primeiras, na produção
de vidro float, e, as duas últimas, na fabricação de impresso.
As associações
Foi no decorrer da década de 1950 que os sindicatos do Comércio
Atacadista de Vidros Planos, Cristais e Espelhos do Rio de Janeiro e de
São Paulo se formaram. Aliás, foram os primeiros do País
com forte atuação em defesa do segmento de distribuição.
Algum tempo depois, em 1962, era a vez de a Associação Técnica
Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro) surgir
para representar os fabricantes de vidro em geral.
A rede processadora ganhou, em 1990, a Associação Nacional de
Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Andiv) para defender seus ideais
e projetos.
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